Cores neutras e roupas para o dia a dia: o que é o ‘Recession Core’, em alta nesta temporada

Tendência traz de volta peças coringas e atemporais. Nesta semana de São Paulo Fashion Week, g1 explica tendências minimalistas que estão nas passarelas e nas redes sociais.

Cores neutras, peças atemporais, looks confortáveis e que requerem pouco esforço na hora de montá-los. Estas são algumas das características do Recession Core, tendência que despontou nesta temporada. O estilo tem, sim, a ver com a recessão econômica, mas não apenas isso.

Nesta semana em que a São Paulo Fashion Week está de volta, a partir da quinta-feira (25), o g1 explica em uma série de reportagens tendências minimalistas que estão saíram das passarelas e chegaram às ruas (e às redes sociais).

Expressão em alta
Luxo silencioso
O que a gente vai ver nas ruas?
Tendência de TikTok
Pé no minimalismo?
Estilo para quem?

Expressão em alta
A tendência Recession Core é baseada em “recessão” e, sim, é um reflexo do cenário econômico mundial. Pós-pandemia e pós-lockdown, alto custo de vida, inflação, crises políticas e a guerra na Ucrânia influenciaram este novo estilo.

A palavra “Core” tem sido usada na moda para designar uma estética, um gênero. Logo, Recession Core seria algo como a “estética da recessão”.
“No ano passado, muito se falou da crise do custo de vida. Principalmente na Europa, que historicamente não tem problema com inflação como a gente no Brasil”, diz Sofia Martellini, especialista em tendências de moda da empresa WGSN. “A gente vê as pessoas entrando em recessão mesmo, gastando menos.”

Uma pesquisa feita pela McKinsey & Company, empresa de consultoria americana, apontou que os executivos do mercado da moda preveem que a inflação vai fazer aumentar custos, como valores do algodão e da caxemira, e que o aumento no preço dos produtos vai levar os consumidores a gastarem menos ou procurarem opções mais em conta.

Este cenário abre espaço para uma reinvenção da roupa formal e um visual de gênero mais fluído: peças discretas e atemporais, cores neutras, confortáveis, porém elegantes.

O estilo vai na contramão do que a gente estava vivendo antes, durante o pós-pandemia e pós-lockdown, que era o “dopamine dressing”, na tradução livre, “se vestir de dopamina”. Essa ideia remete a brincar com a moda, divertir-se na hora de se vestir, apostando em cores vibrantes e alegres.

Um artigo sobre o tema publicado no site especializado em comportamento Refinery 29, no início do ano, ainda completa: Recession Core é um estilo com poucos acessórios, em que repetição de peças é permitida, os cabelos aparecem menos montados e a maquiagem é mais natural e funcional.

Luxo silencioso
Outra expressão que anda lado a lado com o Recession Core é Quiet Luxury, o “luxo silencioso”, em tradução livre. Segundo Sofia, ambos são similares e consequência do mesmo contexto de crise. “Mas o Quiet Luxury é obviamente extremamente sofisticado.”

De acordo com a especialista, este movimento já emergia na pandemia e se intensificou depois das previsões de crise econômica.

“A gente vê pessoas que não são tão afetadas por essas crises, normalmente pessoas de classes sociais bem elevadas, aderindo a este comportamento de não querer ostentar tanto o dinheiro”, diz Sofia. “Era o que acontecia durante a pandemia: não ficou de ‘bom tom’ ostentar.”

Um dos retratos deste comportamento mais discreto do Quiet Luxury tem sido visto nos tapetes vermelhos das premiações e premieres, como o Globo de Ouro e o Oscar: as artistas estão usando menos aqueles colares ostensivos, comuns para essas ocasiões.

Recession Core e Quiet Luxury se convergem na escolha dos itens, discretos, atemporais e com acessórios pontuais.

“A principal característica são, de fato, os materiais de altíssima qualidade. São peças que foram feitas para durar e até para passar de geração para geração”, diz Sofia.

O que a gente vai ver nas ruas?
A primeira coisa que muda em relação às tendências anteriores são as cartelas de cores. O Brasil é conhecido por usar roupas bem coloridas, com estampas, e Sofia afirma que isso ainda pode aparecer. No entanto, ela diz, nas lojas de departamentos e fast fashion, a tendência são cores como o bege e o cinza.

As peças são mais confortáveis, com cara de dia a dia, mais práticas, e ainda dão uma certa garantia que, dentro de uma recessão econômica, podem ser usadas durante um ou dois anos.

Esta tendência pôde ser observada nos desfiles das semanas de moda, como Chanel, Gucci e Miu Miu ainda que estes sejam voltados para o mercado de luxo.

“O da Miu Miu, por exemplo, foi muito mais para o Recession Core: legging, moletom com jaqueta por cima. São itens usáveis, tem o conforto. São peças mais ‘pé no chão’.”

Tendência de TikTok
Outro motivo que fez o Recession Core e o Quiet Luxury a entrarem nos holofotes das tendências foram as redes sociais, em especial o TikTok. “Além do contexto econômico, no ano passado tivemos um pico de microestéticas e microtendências, saídas do TikTok”, afirma Sofia.

 

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