Vívian Sotocórno escreve sobre os bastidores da Vogue 533, que tem como capa a atriz Barbie Ferreira e é dedicada à geração Z
O que você estava fazendo aos seus 20 e poucos anos? “Aos 20 anos, a vontade é soberana; aos 30, o espírito; aos 40, a razão”, escreveu certa vez Benjamin Franklin. Não que as pessoas precisem ter alcançado grandes feitos antes dos 30, mas é inegável que aos 20 vemos o mundo com mais frescor; acreditamos que podemos ser o que quisermos, fazer o que quisermos; aquela energia pura e deliciosa de que se pode mudar o mundo, sem ainda ter “endurecido” com a realidade.
Aos 26 anos, Barbie Ferreira (capa da edição de abril e estrela da matéria Barbie girl), já brilhou como modelo (e foi importante figura no avanço de conversas sobre corpo positivo e representatividade), conquistou o mundo com a série Euphoria e agora chega a Hollywood. Nascida em Nova York, radicada em Los Angeles, filha de mãe brasileira, a atriz diz que não aceita “não” como resposta e quer explorar diferentes aspectos de si mesma. Mas, acima de tudo, quer ser a Barbie. “Só posso ser eu mesma, e tudo o que eu fizer vai ser único e especial.”
Aos 22, Kurt Cobain (que morreu aos 27) lançaria como líder do Nirvana o primeiro álbum do grupo, Bleach (1989), e eternizaria o grunge na história da música. Três anos depois, em 1992, Marc Jacobs, aos 28, inventaria o grunge como moda com um desfile histórico à frente da Perry Ellis que lhe custou sua demissão. “A coleção Grunge sintetizou a primeira vez em minha carreira profissional em que fui inabalável em minha determinação de ver minha visão ganhar vida na passarela”, disse posteriormente à Vogue americana. Em versão polida e adulta, o movimento é tema do editorial Soft grunge.
Aos 25, o artista visual paulistano Emerson Rocha exalta as experiências e o cotidiano da população negra brasileira através de suas obras. Aos 26, a historiadora e comunicadora mineira Giovanna Heliodoro conscientiza sobre diversidade, raça, sexualidade e gênero. Aos 27, o ativista Jorge Suede vem ajudando a quebrar o estigma de que pessoas surdas não podem ocupar espaços privilegiados. Em Novos ventos na influência, confira esses e outros seis nomes que você precisa conhecer da atual geração de 20 e poucos anos – a Z (nascidos entre 1995 e 2010) – e o que eles pensam sobre o mundo.
Geração essa que você pode até ter suas considerações sobre (como as gerações anteriores sempre têm), mas que representa o presente e o futuro. E, como bem ensina Costanza Pascolato (83 anos, e não precisando provar mais nada a ninguém), se manter curioso é o segredo para se manter relevante. Durante a pandemia, assim que o Clubhouse (a rede social de salas de conversas por áudio que foi febre no início de 2021) teve seus primeiros lampejos de popularidade no Brasil, ela foi a primeira a me ligar perguntando do que se tratava e como mexer. O Clubhouse morreu, e Costanza segue sendo um radar para novas tendências.